AMOR A DISTÂNCIA
Há quem acredite que amor a distância não existe. Realmente, amar alguém que você raramente tem
a oportunidade de encontrar não é uma tarefa fácil. Não é para qualquer pessoa.
Nem todos têm capacidade e paciência para aguentar horas, dias, semanas sem
poder estar perto da pessoa amada. Não é fácil sentir a falta daquele sorriso
especial, da voz firme e gostosa de ouvir, daquele abraço aconchegante, cheio
de vida, de amor, de paixão... Amor a distância é, por assim dizer, um tipo de
amor difícil, de fato. Mas ele existe, sim, e é talvez um dos tipos mais
bonitos de amor que a vida já inventou. Amar alguém que vive a quilômetros de
distância é poder lembrar-se dos momentos mais simples e pequenos que a maioria
das pessoas acaba esquecendo. É guardar cada risada, cada olhar, cada abraço,
cada entrelaçar de mãos, cada beijo apaixonado, cada palavra, cada suspiro. É
também querer juntar tudo isso dentro de uma caixinha e trancar a sete chaves
pra não deixar nenhum momento sequer escapar. É ficar parado em sua porta a
esperar alguém que nem sempre poderá chegar. É inventar que sente um cheiro, um
beijo, um abraço, mesmo que seja tudo na imaginação. É abraçar a si próprio
como se fosse o outro. É chorar por uma ausência durante a noite. É procurar
desesperadamente por um abraço que te acalme nos dias mais difíceis. É rir e
chorar ao mesmo tempo. Rir dos momentos, rir das palavras ditas (até das não
ditas), mas chorar de saudade, de vontade de ter e não poder. É sentir-se completamente
sozinho uma ou duas vezes. Mas é também lembrar que amar mesmo é nunca estar
sozinho. Amar a distância é ter a certeza de que são muitos os quilômetros, as
horas, os dias que os separam, mas o amor que existe e floresce no coração, por
ser de uma imensidão incalculável, torna tudo isso incrivelmente pequenino,
insignificante. Amar a distância é nunca esquecer que amor de verdade tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, porque o amor...
É eterno!
(Homenagem ao meu querido Filipe Borba)